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Aspirina de Amor


Creditos: We Heart It

Mas antes de ir, por favor tome esta folha e esta caneta. Sente-se um pouco. Você já ficou tanto tempo, alguns minutos não farão diferença. 
 Poderia me responder algumas perguntas? Prometo ser rápida, mesmo que tal rapidez dependa mais das suas respostas do que das minhas perguntas. 
Comecemos pela mais complexa, ao meu ver. Já que eu não consigo entender, mas talvez você saiba explicar.   Porque está indo? Qual o motivo para me abandonar? 
Você pode desviar os olhos, prender a respiração, tiquetaquear com a caneta na cadeira, morder os lábios. Tudo isso denúncia a ausência de uma resposta. Ou a falta de coragem de dize-la. Eu prefiro acreditar na primeira opção. Dói menos. 
Podemos parar aqui, pedir uma pizza e não fazer disso uma grande peça dramática. Nós podemos rir disso tudo na cama com uma grande cesta de guloseimas sobre ela, ou quem sabe ar fresco te faça melhor. 
Mas já se passaram alguns minutos, e eu ainda ouço sua respiração sair pesada. Você ainda está tentando inventar um motivo ou está criando coragem para escreve-lo? 
Você não têm mais os mesmos olhos cheios de alegria que eu conheci a alguns anos atrás. Aonde eles estão? E porque se esconderam?  
Levante-se, venha comigo, vamos encontra-los de novo. Há solução pra tudo, sempre há. Lembra? Aprendemos juntos. 
Mas então você se mantém sentado, e se esquiva quando minha mão vai de encontro ao seu rosto. Me assusto e recuo lentamente, como que esperando que você se arrependa e se encaixe na palma da minha mão ainda aberta. 
Mas você não vêm, só me olha. Olhar que eu não conheço, olhar sem solução, sem cura. 
Talvez o grande problema do nosso amor tenha sido eu e meus tratamentos fajutos. Receitando aspirinas e comprimidinhos de farmácia, que curavam a dor da pele pra cima, mas que pioravam dela pra baixo. Aspirina que não chegava no coração e fazia doer cada dia mais. E eu achava que melhorava tudo e o mundo. Aspirina pra machucadinho, quando o seu era uma machucadão. Pra dorzinha, mas a sua dor era tão grande, quase insuportável. E eu te amava sem perceber que cada dia que passava eu perdia um pouquinho de você porque sua dor não passava. E eu achava que te curava mas toda noite sua dor piorava. E assim acontecia, dia após dia.  
E era eu quem fazia errado o tempo todo. Tentando te curar de doença que só existia em mim. Eu tentava te curar da falta de um amor de verdade, amor sem desespero igual ao meu. Um amor sem 70 chamadas perdidas, sem tapas, sem silêncio, sem pirraças.  
Dai você foi embora de pouquinho em pouquinho. E eu só notei quando me disseram que você havia comprado um apartamento na zona sul, que é onde o sol se põe mais bonito. Então ai eu vi que já era, já foi, acabou. Não deu. Fim. Você não ia mais se consultar comigo, não ia tomar mais "amador"... seu negócio agora era outro, era amor, mas daqueles de verdade, que a gente se abraça e vê o sol se pôr. 
Dai eu sentei aqui no meu sofá na zona oeste, com uma janela que dá pra ver a barra quase toda lá no fim depois de uns prédios velhos. Tomei minha aspirina, fechei os olhos e esperei a dor passar.  esperando. 

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