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O reino de Tommy


Tommy não entendia o porque da implicância da mãe com sua nova amiga Sophie,a nova vizinha,a garotinha loirinha,aquela do nariz arrebitado,Narizinho como ele costumava a chamar.A mamãe que antes era tão legal e brincalhona,transformou-se numa velha carrancuda e estranha,que tratava a amizade das duas crianças como uma ameaça a sociedade.
No seu mundo de criança,aquilo tampouco importava,na verdade virava roteiro em suas brincadeiras de faz de conta,onde mamãe por vezes era a bruxa,Sophie era Maria e ele João,de tão inocente e bem brincado,aquilo parecia tão real. Certa vez ficaram duas semanas sem se ver, o unico contato com o mundo encantado da princesa Sophie era pela janela,mas a solidão não conseguia ser vencida por acenos. Tommy as vezes vagava pela casa em busca de um dragão,ou um gnomo,mas nada encontrava além de poeira e mais poeira,nem o quarto de livros era mais surpreendente,nada era tão legal sem Sophie por perto. Anoiteceu e Tommy se arrastou para o quarto,Sophie o aguardava na janela com uma caixa nas mãos,sacudiu-a agitando a curiosidade do menino,a vontade era de gritar e perguntar o que havia ali dentro,mas antes mesmo que pudesse esboçar qualquer reação,Sophie fechou a cortina deixando Tommy embriagado de idéias,ele mal conseguiu dormir aquela noite.
Amanheceu e a imaginação de Tommy trabalhava a mil a respeito da caixa,logo pensou que como cavalheiro e ótimo orgulhoso que era,não poderia visitar a amiga sem um presente à nivel,se esgueirou silencioso até a sala de livros que no dia anterior era tão chata,bagunçou tudo à procura de uma história inédita mas parecia não haver no mundo um conto que os dois não conhecessem,a sala foi virada do avesso incontáveis vezes,até que no alto de uma das estantes, Tommy avistou um grande caderno, azul marinho quase preto,então não esperou muito para arranca-lo dali e leva-lo até sua princesa,tomou cuidado para que sua mãe não o visse e só avisou que estava saindo ja longe,onde os passos da mãe não o pudessem alcançar.
Sophie estava sentada no lugar de sempre,desenhando a letra S na areia fina embaixo da arvore,ao ver Tommy chegar quase o derrubou de tantos abraços,os olhos de ambos quase saltaram ao ver um ao outro e claro,seus respectivos ''presentes''.
- O que é ? - perguntou Sophie curiosa.
- Me diga você primeiro - apontou Tommy para a caixa. Ainda que curiosa Sophie não perdia o charme,depois de muita discussão para saber quem seria presenteado primeiro,Sophie acabou cedendo e abrindo a caixa,nela haviam muitos,mas muitos relicários,de todas as formas e cores possíveis,com eles brincaram de caça ao tesouro,de casamento,de rei e rainha,mas ao fim Sophie se despediu de todas as peças sem nenhum ressentimento,agora pertenciam ao rei Tommy.
Então chegou a vez de Tommy presentear a Rainha,meio encabulado por trazer somente um livro a alguem que havia lhe trazido tanto ouro,Tommy abaixou a cabeça desanimado e pousou o grande livro sobre as mãos de Narizinho,os olhos da menina estava extasiados de felicidade,ela tremia por inteira.Ao ver a expressão do amigo,tomou seu corpo num abraço quente e apertado e disse.
- Foi o melhor presente que ja ganhei em minha vida ! - se somente o peso e a capa daquele imenso livro ja havia feito ela dizer aquilo,imagine então o que havia dentro,Tommy sorriu satisfeito com o comentário,sentaram-se e abriram o livro que agora se revelara um album de fotos,as expressões de surpresa foram exatamente as mesmas.
- Sua mãe Tom ! - disse Sophie apontando a primeira fotografia.
- Sim ! E esse deve ser meu pai,ou deveria ... - havia uma curiosidade misturada com tristeza naquela fala,mas que logo foram substituídas por novas descobertas.
- E esse é você não é ? - os dedos deslizavam pelo papel brilhante,cada foto era sinal de uma nova pergunta.
- Não sei,todos os bebes tem cara de joelho.
Algumas paginas depois,algo chamou a atenção de Tommy,uma garota loirinha,sentada em um banco,com um chapéu daqueles de aniversário.
- Narizinho !!! - ele gritou estupefado.- Essa é você não é ? !!! - o dedo estava enterrado em cima da foto,Sophie assustou-se de imediato.
- Parece mesmo comigo - ela avaliou - Mas não pode ser,meu nariz é...
- Mais arrebitado ? - perguntou Tommy.
- Sim - ela respondeu constrangida. Haviam mais fotos da mesma loirinha,algumas no colo da mãe de Tommy,outras até mesmo com Tommy.
- Porque sua mãe tem fotos minhas,e porque eu não me lembro delas ? - indagou Sophie.
- Não sei... se..será que somos irmãos ? - disse Tommy assustado.Os dois se levantaram de sopetão.
- Só há um jeito de saber... - ele continuou - eu tenho uma mancha,minha vovó dizia que ninguem tem manchas iguais e...
- Ei,eu também tenho uma mancha - um silêncio constrangedor tomou conta do momento.
- Mas não posso mostra-la.
- Nem eu - completou Tommy.
- Aonde fica ? - perguntou Tommy envergonhado e receoso.
- Aqui - Sophie apontou para a cintura,entre a dobra das coxas,vermelhinha de vergonha. Tommy tampou os olhos imediatamente.
- A minha também fica ai.
- Não,aqui fica a minha Tom,procure outro lugar pra sua !
- Menina ! - disse tirando as mãos dos olhos e respirando fundo.
- No mesmo lugar,só que em mim !
Sophie compreendeu o que ele quis dizer e o silêncio voltou,mas logo foi interrompido pela pequena indagadora.
- Mas e se fomos irmãos Tom ? - disse aborrecida a pequenina. Tommy olhou para o céu e pensou por alguns instantes.
- Irmãos brigam,e têm que dividir as mamães,e as roupas... - Tommy foi dizendo coisas incontaveis.
- E dividem a comida,e o quarto,a mesinha de estudar... - ia completando rapidamente Sophie.
Naquele momento a possibilidade de serem irmãos era horrivel,mas como toda brincadeira de criança as coisas acabaram em risadas e brincadeiras,o livro ficou aberto no chão enquanto a poeira da brincadeira de pega levantava no ar.
Se Tommy e Sophie eram irmãos,isso eles não descobririam nunca,talvez fosse só imaginação aquecida pelo calor dos presentes,talvez a menininha nem fosse mesmo Sophie.
Mas há um fato incontestável que Tommy e Sophie deixaram passar nessa história caro Leitor,vovó disse ninguém tem manchas iguais,e...xceto irmãos.

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